segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Jornal do Comércio: Nadir Rocha assume prefeitura de Gravataí temporariamente

Presidente da Câmara Municipal ficará à frente do governo de transição até ser realizada a escolha do novo titular

Paula Coutinho

MARCELO G. RIBEIRO/JC
Cercado por aliados, peemedebista faz primeiro discurso após ato de posse no domingo.
Cercado por aliados, peemedebista faz primeiro discurso após ato de posse no domingo.

O presidente da Câmara de Vereadores de Gravataí, Nadir Rocha (PMDB), foi empossado, ontem à tarde, como o novo prefeito do município - menos de 24 horas depois do encerramento da longa sessão do Legislativo local que cassou a prefeita Rita Sanco (PT) e o vice Cristiano Kingeski (PT).

A cassação da petista marcou o desfecho de uma série de episódios de disputa política em Gravataí. Os adversários do PT tomaram conta ontem do saguão da sede do Executivo municipal para recepcionar o prefeito interino. Com palavras de ordem, cartazes e até banda de música, os apoiadores de Nadir Rocha comemoravam a mudança na gestão da prefeitura.


Eram 15h30min, quando o peemedebista ocupou pela primeira vez a cadeira de chefe do Executivo. Ele ficará no cargo no período de transição até a indicação do prefeito que concluirá o mandato até dezembro de 2012.

Cercado por vereadores e lideranças de partidos aliados, Nadir Rocha assinou o termo de posse e fez o seu primeiro discurso como prefeito. “Vamos viver uma nova era em Gravataí”, disse ao iniciar sua manifestação.

Ele enfatizou que o processo que destituiu Rita Sanco se deu de “forma democrática e sem golpe”, rebatendo as acusações lançadas por petistas. Os apoiadores da então petista reclamam que a maioria de oposição na Câmara estaria submetendo Rita Sanco a um “golpe”, já que o eleito para substituir o prefeito interino não será definido pelo voto da população.

Ao mencionar sua trajetória de 30 anos como militante na política sindical e se lembrar da esposa Sonir e do irmão Valdir, ambos recentemente falecidos, Nadir Rocha se comoveu e chorou.

Depois do ato de posse, o novo prefeito foi até a sacada do gabinete para saudar os apoiadores que aguardavam do lado de fora. Cerca de 80 pessoas entoaram os hinos rio-grandense e nacional.

Na praça em frente à prefeitura, alguns moradores ainda estavam alheios à mudança no Executivo municipal. Os jovens universitários Maikon Dorneles e Fábio Faleiro apenas tomaram conhecimento da situação ontem à tarde, ao notarem a movimentação na sede da prefeitura. Descrentes quanto à cassação, eles avaliam que o processo ainda não se encerrou. “Acho que ela (Rita Sanco) vai reverter o caso”, afirmou Faleiro, baseando-se na possibilidade de o PT obter uma decisão favorável na Justiça.

A professora Maria Dias, que passeava com a família, comemorou a cassação. “Finalmente, foi feita justiça. Agora, tem que moralizar a casa”, opinou. Também professor, Alexandre Arens acredita que o processo de cassação foi realizado dentro da legalidade. “Se a prefeita saiu é porque realmente tinha impedimento (de continuar no cargo)”, afirmou.

Também foram prestigiar o novo prefeito o deputado estadual Miki Breier (PSB) - que acompanhava a sua mulher, a vereadora Anabel Lorenzi (PSB), que votou pela cassação - e o ex-prefeito de Gravataí Sérgio Stasinski. Ex-petista e recém-ingresso no PTB, Stasinski é desafeto do deputado estadual Daniel Bordignon - considerado padrinho político de Rita Sanco.

Bordignon havia acusado Stasinski de ter sido o mentor do processo de cassação. O ex-petista nega e afirma que o impeachment da prefeita é resultado da interferência de Bordignon. “Ele provocou esse isolamento do PT, agindo de forma autoritária e arrogante.”

O mandato de Nadir Rocha à frente da prefeitura será tampão, com duração de até 60 dias, para que a Câmara Municipal tenha tempo hábil para elaborar o processo de escolha do novo prefeito de Gravataí.

A eleição será de forma indireta. Qualquer cidadão que cumpra as exigências constitucionais pode se candidatar, mas caberá aos 14 vereadores a escolha do futuro chefe do Executivo municipal. O PT ainda tenta reaver o mandato de Rita Sanco na Justiça.